Rankings Estaduais dos Clubes Brasileiros – II

Completando, finalmente, o quadro dos rankings dos clubes brasileiros de futebol, vamos às oito últimas classificações estaduais, que seguem a sistemática de cálculo apresentada ontem e conferem 10 pontos ao campeão e 4 ao vice.

Na Bahia, o Esporte Clube Bahia, que acaba de retornar à primeira divisão nacional, lidera com folga. Os 43 títulos, 17 a mais do que o rival Vitória, associados aos 18 vices, dão-lhe 250,46 pontos contra 86,32 do rubro-negro, que, ao contrário do Tricolor, participou de todos os campeonatos baianos. Em terceiro, quarto e quinto aparecem, respectivamente, Ypiranga (13,59 pontos, 10 títulos), Galícia (10,73 pontos, 5 títulos) e Botafogo (9,27 pontos, 7 títulos), este já extinto.

O Coritiba é o manda-chuva do estadual paranaense: 136,88 pontos (34 títulos), mais que o dobro do segundo colocado, o Atlético (63,19 pontos, 21 títulos). Em terceiro, vem o quase juvenil Paraná Clube, fundado em 1989, com 26,30 pontos provenientes de 7 conquistas. Interessante notar que os dois clubes que completam a lista, Ferroviário (20,90 pontos, 8 títulos) e Britânia (8,98 pontos, 7 títulos) já deixaram de existir e têm no Paraná o seu herdeiro – indireto, por meio do Colorado, um dos times, ao lado do Pinheiros, que lhe deram origem.

Pernambuco é dominado pelo Sport Clube Recife, com 175,31 pontos (39 campeonatos). Em seguida, vêm os rivais Santa Cruz (98,53 pontos, 24 títulos) e Náutico (86,88 pontos, 21 taças). O América, que assim como os colegas do Trio de Ferro disputou desde o primeiro Pernambucano, segue ainda hoje em atividade e, apesar do momento de baixa, fecha a lista, com 7,20 pontos (6 títulos, o último deles em 1944).

O Fortaleza lidera a disputa cearense. Tem o mesmo número de títulos de seu arqui-rival Ceará (39), mas fica em vantagem pelo número de vices (25 a 21) e por ser mais novo na disputa (1919 a 1915). Em pontos, a diferença é de menos de 20 (194,62 a 178,67). O terceiro é o Ferroviário, tricolor como o Fortaleza, com seus 29,66 pontos frutos de 9 títulos e, para pasmar, 19 vices.

Goiás apresenta uma disputa interessante entre quatro times, todos com relativamente menos pontos do que as equipes anteriores, uma vez que o Campeonato Goiano começou apenas em 1944. O Goiás pontua, com 85,21 pontos (22 títulos). Depois, vêm, quase num empate técnico, Atlético (47,67 pontos, 11 conquistas), Vila Nova (37,97 pontos, 15 títulos) e Goiânia (37,03 pontos, 14 títulos). Embora com menos taças de campeão, o Atlético acaba em vantagem pelo número de vices (22 contra 8 e 11 de Vila Nova e Goiânia, respectivamente).

Em Santa Catarina, as equipes também apresentam pontuação relativamente reduzida. Porém, ao contrário de Goiás, esse fato é mais devido à constante transformação dos clubes, com fusões, extinções etc., do que à juventude do campeonato, disputado desde 1924. O jovem Joinville, de 1976, lidera, com 45,29 pontos (12 títulos), seguido pela dupla de maior tradição e torcida, Avaí (29,93 pontos, 15 títulos) e Figueirense (27,84 pontos, 15 títulos). Completam o ranking o Criciúma (18,29 pontos, 9 taças, uma ainda como Operário) e Metropol (11,04 pontos, 5 conquistas), clube extinto em 1969.

O Paysandu lidera a disputa paraense. Com 252,71 pontos (44 títulos), tem pouco mais de 30 de vantagem sobre o Remo (42 conquistas). Fecha a classificação a Tuna Luso, que tem seus 10 títulos e 17 vices traduzidos em 22,69 pontos.

Por fim, o CSA tem boa folga em Alagoas. Seus 37 estaduais contribuem para a totalização de 184,22 pontos. Bastante atrás, aparece o CRB, com 100,80 pontos (25 títulos). O ASA de Arapiraca, de péssima recordação para os palmeirenses, fecha a lista: 9,75 pontos (6 títulos).

Termina assim a série com todos os rankings dos clubes brasileiros de futebol. Recapitulando o que pode ser conferido com exatidão nas postagens anteriores, o São Paulo lidera a classificação geral e a internacional, enquanto o Palmeiras pontua a classificação considerando apenas os torneios nacionais.

Rankings Estaduais dos Clubes Brasileiros – I

Os rankings estaduais são a grande novidade do sistema de classificação dos clubes brasileiros que vem sendo apresentado neste espaço nos últimos dias. Isso porque, em vez de fazer a contabilização absoluta dos pontos conseguidos pelas equipes nos torneios estaduais, relativiza a soma de cada uma, o que traz dois principais benefícios.

O primeiro é evitar que a pontuação conseguida por determinada equipe em seu respectivo torneio estadual, com pouca disputa interna, coloque-a numa falsa posição de destaque no ranking geral, à frente de times com maior tradição nacional, mas também maiores dificuldades para colecionar vitórias em torneios estaduais mais disputados.

O segundo é levar em consideração a taxa de produtividade alcançada pelas equipes ao longo de suas histórias de participação em torneios estaduais, algo totalmente negligenciado pelos rankings tradicionais. De fato, muitas das disputas estaduais começaram antes do início das atividades de alguns clubes, o que, nos rankings usuais, dá uma vantagem aos times mais antigos que nada tem a ver com maior competência perante os rivais.

Como exemplos, o Campeonato Paulista foi disputado pela primeira vez em 1902, mas o São Paulo só entrou em campo pela primeira vez em 1930; o Carioca começou em 1906, mas o Vasco estreou nos gramados em 1916; o primeiro Campeonato Mineiro data de 1915, seis anos antes da estreia cruzeireinse; e o Bahia iniciou suas atividades em 1931, 26 anos depois do primeiro estadual da boa terra.

A forma de elaboração da classificação estadual relativizada pode ser sumarizada em três passos:

1. Calcula-se dois coeficientes de produtividade para cada equipe, o coeficiente de campeão (total de conquistas estaduais multiplicado pela pontuação relativa ao campeonato e dividido pela idade da equipe) e o coeficiente de vice (total de vices estaduais multiplicado pela pontuação relativa ao vice e dividido pela idade da equipe). Via de regra, considera-se como marco zero para a idade das equipes o início de suas atividades futebolísticas. Todavia, caso o clube tenha começado no futebol antes do início de seu respectivo estadual, o primeiro ano de disputa do torneio se transforma no marco zero;

2. Multiplica-se o coeficiente de campeão pelo número de conquistas estaduais e o coeficiente de vice pelo número de vices estaduais;

3. Soma-se o resultado dos dois produtos anteriores, chegando-se à pontuação total da equipe em torneios estaduais.

A pontuação para os estaduais leva em conta dois fatores: a dificuldade de conquista, representada pelo número de equipes em condições reais de serem campeãs; e o desempenho nacional e internacional das equipes participantes dos torneios, representado pela soma de seus títulos. Com isso, o estadual de São Paulo é o que oferece maior pontuação (20 pontos para o campeão, 10 para o vice), seguido pelo do Rio de Janeiro (17 pontos para o campeão, 8 para o vice), e pelos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul (14 pontos para o campeão, 6 para o vice).

Todos os demais premiam o campeão com 10 pontos e o vice com 4. Vale frisar que a pontuação de cada estadual não necessariamente é fixa. Se os times de um estado aumentam suas conquistas nacionais e/ou internacionais, o respectivo estadual pode passar a valer mais pontos, acontecendo o contrário caso as equipes sofram períodos de estiagem de títulos.

O Corinthians, time com mais conquistas paulistas (25), lidera a classificação estadual de São Paulo, com 173,03 pontos e pequena vantagem sobre São Paulo (21 títulos, 165,38 pontos) e Palmeiras (22 títulos, 157,58 pontos). Depois do Trio de Ferro, em vez do Santos, aparece o Paulistano (126,67 pontos), que encerrou suas atividades futebolísticas em 1929, depois de 27 anos arrasadores, com 11 campeonatos estaduais. Ao privilegiar a produtividade, o sistema de classificação coloca o clube, que teve em suas fileiras o lendário Friedenreich, em merecido lugar de destaque. Em quinto, o Santos (18 títulos, 75,15 pontos) fecha a classificação paulista – o sistema classifica apenas equipes com pelo menos cinco conquistas estaduais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O rei do Rio de Janeiro é o Flamengo, com suas 31 conquistas e 235,36 pontos, mais de 50 de vantagem sobre o Fluminense (181,04). Embora com apenas um título a menos, o Tricolor das Laranjeiras fica para trás por ter menos vices e ter disputado mais campeonatos. Vasco (22 títulos, 132,55 pontos), Botafogo (18 títulos, 81,24 pontos) e América (7 títulos, 11,78 pontos) completam a classificação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Galo manda no terreiro das Minas Gerais. Com 40 títulos e 33 vices, tem 304,57 pontos, quase 60 de vantagem sobre o Cruzeiro (35 títulos, 245,55 pontos), apesar de ter disputado mais campeonatos. América, com seus 15 títulos e 45,54 pontos, e Villa Nova (5 títulos, 5,26 pontos) fecham a lista.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No Rio Grande do Sul, o Internacional mantém uma vantagem relativamente pequena sobre o Grêmio (39 a 36 em conquistas, 260,37 a 237,36 em pontos). Para alegria dos colorados, a realidade estadual incrivelmente se repete em todos os segmentos do ranking. Tanto no Geral quanto no Nacional e no Internacional, o Inter sempre aparece imediatamente à frente do Grêmio, ainda que sempre por uma margem pequena. Outro fator interessante da classificação gaúcha é que apenas no campeonato farroupilha nenhum outro time tem conquistas suficientes para ser classificado. Domínio total da dupla GreNal.

 

 

 

 

 

 

 

Amanhã, os estaduais restantes: Bahia, Paraná, Ceará, Pernambuco, Goiás, Santa Catarina, Alagoas e Pará.

Ranking Internacional dos Clubes Brasileiros

Depois do ranking geral dos clubes brasileiros, com o São Paulo como líder, e do ranking nacional, pontuado pelo Palmeiras, é hora de apresentar a classificação histórica das equipes nacionais levando em conta apenas os torneios internacionais.

Fazem parte da contabilização todos os campeonatos além-fronteiras disputados pelos tupiniquins. O de maior pontuação é o Mundial de Clubes, que oferece 60 pontos ao campeão. Dadas as características desse torneio, que facilitam a chegada dos times europeus e sulamericanos à final – torcedores do Internacional que não me leiam – não são concedidos pontos ao vice.

Os demais torneios considerados são a Libertadores (50 pontos ao campeão, 25 ao vice), Copa Sulamericana, Supercopa dos Campeões da Libertadores, Copa Mercosul (todos com 30 pontos ao campeão e 15 ao vice), Copa Conmebol (20 pontos ao campeão, 10 ao vice) e Recopa Sulamericana (20 pontos ao vencedor).

O São Paulo, com três Mundiais, três Libertadores, duas Recopas, uma Supercopa e uma Conmebol, domina a classificação, com 510 pontos, 230 à frente do vice-líder Cruzeiro, campeão mundial, bi da Libertadores e da Supercopa e campeão da Recopa. O impressionante desempenho tricolor nos certames internacionais é o que tem garantido a liderança dos paulistas no ranking geral.

Santos, Internacional e Grêmio aparecem logo atrás dos celestes mineiros, numa acirrada disputa, com apenas 45 pontos separando o 2º do 5º colocado. Entre eles, merece destaque o Colorado, que, até 2006, tinha apenas os pontos de um vice da Libertadores e, desde então, colecionou duas Libertadores, uma Recopa, uma Sulamericana e um Mundial.

Mais atrás, aparecem Flamengo e Palmeiras, ambos com 185 pontos. Outros nove times conseguiram pelo menos um vice internacional e aparecem na lista. Destaque para o Goiás, mais novo integrante do grupo, com o vice da Sulamericana deste ano, e para o CSA, de Alagoas, vice-campeão da Conmebol de 1999.

Confiram a classificação completa.

 

Ranking Nacional dos Clubes Brasileiros

Na última postagem, apresentei o Ranking dos Clubes Brasileiros, que considera todos os campeonatos estaduais, regionais, nacionais e internacionais já disputados pelos times brasileiros e tem como líder geral o São Paulo Futebol Clube, quase 200 pontos à frente do segundo colocado, o Cruzeiro.

Agora, é hora de trazer às claras as classificações segmentadas por tipo de competição. A primeira é o Ranking Nacional, que engloba apenas torneios brasileiros inter-regionais. Mais especificamente, os certames abrangidos são Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Torneio Roberto Gomes Pedrosa, Taça Brasil e Copa dos Campeões.

O Campeonato Brasileiro e o Robertão, que, em 1967, foi a origem de um sistema de disputa para além de simples jogos eliminatórios, destacam-se por conferirem a maior pontuação aos campeões (40 pontos) e por premiarem até o quarto colocado. A Taça Brasil, primeira competição nacional disputada no Brasil, entre 1959 e 1968, reunindo campeões estaduais, e a Copa do Brasil, que nasceu em 1989 sob a mesma inspiração da Taça e se expandiu para chegar ao que é hoje, contemplam os campeões com 30 pontos. A Copa dos Campeões foi disputada apenas três vezes, entre os campeões regionais, e oferece 18 pontos aos primeiros.

O Palmeiras, com quatro Campeonatos Brasileiros, dois Robertões, duas Taças Brasil e uma Copa do Brasil como principais conquistas, ainda lidera a classificação, a despeito dos últimos anos de vacas magras, com 448 pontos. Logo depois, aparece o Santos, também com nove conquistas nacionais (dois Brasileiros, um Robertão, uma Copa do Brasil e cinco Taças Brasil, à época do reinado Pelé) e 420 pontos. Embora com mais pontos de vices, terceiras e quartas colocações, o alvinegro praiano perde para o alviverde devido à menor pontuação dada à Taça Brasil em comparação ao Brasileiro e ao Roberto Gomes Pedrosa, torneios de maior dificuldade.

O São Paulo, líder geral, aparece em terceiro, graças quase que somente ao seu brilhante desempenho em Brasileiros: seis conquistas, cinco vices, três terceiras e duas quartas colocações, que perfazem 380 de seus 404 pontos. Corinthians, tetra brasileiro e tri da Copa do Brasil (400 pontos), Flamengo, hexa brasileiro e bi da Copa do Brasil (398 pontos), Cruzeiro, tetra da Copa do Brasil, campeão brasileiro e da Taça Brasil (379 pontos),  Internacional, tri brasileiro e campeão da Copa do Brasil (360 pontos) e Grêmio, bi brasileiro e tetra da Copa do Brasil (345 pontos) completam os oito mais bem classificados.

Outros 25 times têm, ao menos, um vice-campeonato de competição nacional e completam a classificação abaixo.

Ranking dos Clubes Brasileiros de Futebol

O Ranking dos Clubes Brasileiros de Futebol surgiu em 2001, em meio a devaneios mentais e estatísticos com o objetivo de chegar a uma fórmula que conseguisse classificar da forma mais precisa possível os clubes brasileiros de futebol, de acordo com as glórias de cada um.

A grande questão que se colocava era encontrar um jeito de relativizar a problemática, e por que não injusta, vantagem dos times mais antigos do Brasil, que, por terem disputado mais campeonatos ao longo de sua história, poderiam aparecer classificados à frente de equipes mais jovens, ainda que estas apresentassem melhor desempenho tendo em vista o número de certames disputados.

Embora esse aspecto se fizesse relevante apenas em relação aos campeonatos estaduais, disputados no Brasil desde o início do século XX – antes, portanto, da fundação de alguns dos principais clubes tupiniquins -, era algo que tendia a viciar os rankings geralmente elaborados, que privilegiavam sempre e apenas o número absoluto de títulos, sem qualquer menção à produtividade das equipes.

Depois de algumas horas e outros tantos neurônios perdidos, fez-se a luz e surgiu a fórmula de classificação para os torneios estaduais, que será mais bem detalhada – assim como outras características do sistema – ao longo dos próximos dias, quando serão apresentados um a um os rankings parciais que geram a classificação geral.

Por ora, vale dizer que: (i) a classificação considera todos os torneios oficiais nacionais e internacionais disputados pelos clubes brasileiros; (ii) via de regra, a pontuação premia campeões e vices. As exceções são o Campeonato Brasileiro e o seu precursor, Torneio Roberto Gomes Pedrosa, em que os quatro primeiros colocados são premiados, e o Mundial de Clubes, em que apenas o campeão pontua; (iii) apenas os campeonatos estaduais necessitaram da tal relativização produtiva – todos os demais torneios oficiais nacionais e internacionais passaram a ser disputados com todos os grandes clubes já em vida.

O quadro abaixo traz a pontuação estabelecida para cada torneio.

Para figurar na classificação geral, um clube precisa, pelo menos, ter participado de duas finais, considerando torneios nacionais ou internacionais, com ao menos uma conquista nesses torneios. Isso não significa que o clube não será listado nas classificações parciais. Apenas minimiza o risco de clubes com muitas vitórias estaduais, porém pouca relevância nacional, aparecerem falsamente bem colocados no ranking geral dos melhores do Brasil.

Mediante esse critério, 16 clubes integram o Ranking Geral dos Clubes Brasileiros de Futebol. O São Paulo destaca-se na liderança, com 1.133,38 pontos e uma folga conseguida nos últimos anos graças à Libertadores e ao Mundial de 2005 e ao tricampeonato brasileiro 2006/08. Em segundo, vem o Cruzeiro, seguido por Palmeiras, que chegou a pontuar a classificação mas perdeu espaço nos últimos anos, e Flamengo.

A seguir, dois clubes que evoluíram bastante no ranking nas últimas temporadas, Santos e Internacional. O Santos, além da Copa do Brasil deste ano, tem, no currículo dos anos 2000, dois Brasileiros e um vice da Libertadores. Já o clube gaúcho cresceu com o título mundial de 2006 e das Libertadores de 2006 e deste ano.

O Grêmio acompanha de perto o arqui-rival, fechando um quinteto separado por menos de 70 pontos. O Corinthians fecha o clube dos oito melhores. Pela ordem, Vasco, Atlético Mineiro, Fluminense, Bahia, Botafogo, Sport, Atlético Paranaense e Guarani completam a lista.

Confiram a classificação completa. Divirtam-se e esperem as classificações segmentadas – nacional, internacional e estaduais – nos próximos dias.

Viva Muricy e… Viva os pontos corridos!

Parabéns ao Fluminense, campeão brasileiro de 2010. Parabéns, com glórias, a Muricy Ramalho, treinador mais vitorioso do Brasil na última década, tetracampeão do maior campeonato nacional do país. Na verdade, mais do que tetracampeão. Além da conquista de hoje e do inédito e brilhante tricampeonato consecutivo pelo São Paulo (2006, 2007 e 2008), Muricy pode se considerar também o grande vencedor de 2005, quando o seu Internacional não foi campeão graças à, no mínimo controversa, anulação de alguns jogos do campeonato.

Aproveito para entrar na polêmica dos pontos corridos como modo de pontuação para o Campeonato Brasileiro. Não há quem me convença de que não seja esse o sistema mais apropriado para definir o melhor time de um país numa temporada. É o mais apropriado por ser o mais meritocrático, o único que garante, de fato, que o melhor time, o mais regular, aquele com maior número de pontos ao longo de toda a competição, seja o laureado ao final do certame.

Apenas isso já basta para tornar irrefutável a defesa dos pontos corridos. Mas vou analisar os argumentos levantados pelos que têm defendido a volta de algum tipo de fase final para definir o campeão brasileiro, como aconteceu, sob diferentes formas, até 2002.

O primeiro, e talvez mais fácil de ser refutado, diz respeito ao interesse pelo campeonato. Uma rápida olhada na média de público na Era dos Pontos Corridos mostra que os torcedores presentes aos jogos do Campeonato Brasileiro aumentaram significativamente desde 2003. E isso apesar de os nossos estádios terem, quase todos, diminuído sua capacidade de recepção. Para ficar em apenas dois exemplos, o Maracanã, que hoje não chega aos 100 mil, nos áureos tempos recebia quase 200 mil; o Morumbi chegou a ultrapassar 120 mil e hoje não chega a 70 mil.

A explicação é simples: na época do mata-mata, os estádios passavam a fase classificatória inteira às moscas, para encherem apenas quando as coisas começavam a valer, o que normalmente acontecia a partir de novembro – um campeonato anual decidido em pouco mais de um mês, brilhante! Agora, os torcedores, aos poucos, ambientam-se ao fato de um jogo na primeira rodada valer exatamente o mesmo de um na última, o que distribui melhor a presença do público durante o torneio e eleva a média geral. Para mim, isso significa um interesse maior pelo campeonato – pelo campeonato, não por um par de jogos -, não o contrário.

O segundo argumento diz respeito à emoção. Segundo ele, não tem graça a conquista num jogo contra um time rebaixado ou mesmo com uma derrota. Apenas seria legal tornar-se campeão num jogo decisivo contra o vice. Primeiro que, mesmo no sistema de finais, existe a possibilidade de o campeão sair de campo derrotado no último jogo. Mas que se deixe essa possibilidade de lado. A falácia da emoção só se aplica, e ainda assim com reservas, aos torcedores que não estão envolvidos na disputa pelo título. Para esses sim talvez seja mais divertido assistir a uma final do que a um “jogo normal”. Mas pergunte aos torcedores do Fluminense, do Flamengo, do São Paulo, se vibraram menos em suas conquistas corridas do que nas glórias em jogos eliminatórios. Isso sem nem mencionar que apenas os pontos corridos mantêm todos os times em ação, em disputas diversas, até a última data futebolística do ano.

Finalmente, o argumento que ganhou força nos dois últimos campeonatos, em nome da “justiça nas quatro linhas”. Este, caminha por duas vias paralelas. A primeira surgiu porque, tanto em 2009 como em 2010, rivais estaduais já sem chance de título puderam prejudicar adversários locais em plena disputa pelo caneco, facilitando jogos contra concorrentes diretos. A segunda critica a “mala-branca”, gordas quantias enviadas a times desinteressados no campeonato, mas envolvidos em jogos que valem o título, para dificultarem a vida dos pretendentes à taça.

Os riscos de fato existem. Mas não se relacionam, de forma alguma, exclusivamente aos pontos corridos. Num sistema classificatório, um time pode agir para prejudicar a passagem de um arqui-rival para a fase final. Como já aconteceu, diga-se. Essa possibilidade pode ser mitigada, em campeonatos por pontos corridos ou quaisquer outros, simplesmente ao se concentrar todos os clássicos regionais nas últimas rodadas da competição.

Para além disso, se a ideia é invalidar um sistema de disputa por riscos inerentes ao jogo, melhor simplesmente repensar a existência do futebol, já que a instituição que, de longe, mais alterou resultados de torneios mundo afora atende pelo nome de “árbitros de futebol” e, pelo menos até segunda ordem, é ainda imprescindível à modalidade.

E até aí os pontos corridos são positivos. Sem sombra para qualquer dúvida, representam o sistema que mais minimiza as influências dos erros de arbitragem. Em 30 e tantas rodadas, benefícios e prejuízos para cada time tendem a se compensar. Portanto, se o objetivo é prezar a “justiça dentro das quatro linhas”, não há outro sistema a defender que não o de pontos corridos.

No mais, usar a chamada “mala-branca” para atacar os pontos corridos é, no mínimo, risível. A tal mala existe em nossos campos desde tempos imemoriais, com histórias folclóricas e hilárias que nada têm a ver com este ou aquele sistema de pontuação. Sempre os interessados tentarão incentivar os desinteressados. E isso não apenas no futebol. Na vida.

Tudo posto, os amantes do “interesse”, da “emoção”, da “justiça” não fiquem melindrados. Longe de mim querer que o futebol seja algo plenamente meritocrático. Jogo que é, não pode ser assim. Por isso, praticamente todos os campeonatos dão espaço ao imponderável de Almeida em finais nas quais, muitas vezes, o pior, num dia bom, vence o melhor, num dia ruim. Que pelo menos um, apenas um, unzinho só, permita que o melhor sempre vença.

Mérito, merecimento. Às vezes também é legal, até no Brasil.